#SOSUESPI: A UESPI pede Socorro
Não é de hoje a grave situação da Universidade Estadual (leia-se “Esquecida”) do Piauí - UESPI. Os governos, sucessivamente, a tratam de forma irresponsável, sem garantir o mínimo de investimentos necessários para o bom funcionamento da instituição. Os problemas vão desde a falta de estrutura física adequada, às péssimas condições de estudo para os alunos e de trabalho para professores e técnicos.
Desde setembro de 2010, estudantes e professores da UESPI se engajam na campanha SOS UESPI em defesa de uma educação pública de qualidade. Infelizmente, o Governo Estadual e a Reitoria não apresentaram nenhuma medida concreta para resolver os graves problemas da universidade.
Para se ter uma idéia da situação de precariedade, o período letivo de 2011 só iniciou no dia 21 de Março, pois faltavam materiais básicos como papéis e pincéis nas Coordenações. Diante disso professores e estudantes iniciaram, nas duas primeiras semanas do período, fortes paralisações e manifestações retomando a Campanha SOS UESPI.
O atual Governo (PSB/PT/PCdoB/PMDB), além de não garantir orçamento suficiente para o funcionamento da UESPI, ainda promove a “expansão” da universidade por meio do EaD (Ensino à Distância) destinando boa parte dos recursos à essa modalidade de ensino. Para nós da ANEL e de grande parte das organizações de estudantes e professores da UESPI, o Governo Wilson Martins tem adotado uma política clara de sucateamento da nossa universidade.
Mas a quem de fato interessa esse sucateamento? – A resposta para essa pergunta está expressa no nome do atual Secretário de Educação do Governo, o Sr Átila Lira, um dos maiores donos de faculdades privadas do país. Se o governo pretendesse desenvolver a educação superior pública do Estado, será que um dos maiores empresários do mercado da educação privada seria seu aliado, ocupando um cargo de confiança, justamente na Secretaria de Educação?
Essa lógica perversa de beneficiamento do privado em detrimento do público vem ameaçando a própria existência da UESPI. Prova disso, é que no ano passado, mais de 30 cursos da instituição não foram reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação. Este ano, o Ministério Público do Piauí já solicitou ao Governo do Estado o fechamento de pelo menos 12 pólos da instituição no interior, com uma lista de cursos a serem fechados também em Teresina, como Direito no Campus Clóvis Moura e Medicina na Facime, todos por falta de professores efetivos suficientes e por falta de estrutura adequada. E até agora o Governo sinalizou a contratação de apenas 200 professores efetivos para toda a UESPI, sendo que nossa demanda hoje é de pelo menos 700 professores.
Com um salário de fome, há mais de 2 anos sem reajuste e exigindo a contratação imediata de professores efetivos para suprir a demanda, os professores da UESPI, em Assembléia Geral no último dia 05, decidiram por ampla maioria deflagrar Greve por tempo indeterminado. A partir disso, a ADCESP (Sindicato dos Professores da UESPI) mantém uma campanha junto aos professores substitutos, para que se somem à Greve, instruindo-os juridicamente, para que tenham consciência de seus direitos e possam aderir ao movimento com segurança, mesmo diante do assédio moral que vêm sofrendo por parte das Coordenações e da Reitoria.
Essa atitude da Administração Superior da UESPI só demonstra mais uma vez de que lado está o Reitor Carlos Alberto. A todo instante ele tem agido na contramão dos reais interesses da instituição, mantendo-se aliado de Wilson Martins, na medida em que não cobra do Governo o repasse de verbas e mente publicamente sobre as condições da universidade. Todos sabem que o principal problema da UESPI é orçamentário, mas quando o governo diz que o único problema é de gestão, ainda assim Carlos Alberto não se manifesta contrário.
Indignados com essa subserviência do reitor, os estudantes não ficam calados. Essa inversão de interesses protagonizada pela omissão e subordinação da gestão de Carlos Alberto, embala a palavra de ordem dos estudantes. “Ôô Reitor, cara de pau! Tu é capacho do Governo Estadual!”.
E agora estudante, o que fazer?
É essa coragem, ousadia e organização dos estudantes, aliados a luta dos professores e demais trabalhadores da UESPI, que têm garantido a sobrevivência da Universidade Estadual do Piauí ao longo dos anos. Se o governo está sujeito aos interesses do capital privado e o reitor está subordinado às vontades do governador, só a luta dos estudantes e trabalhadores da UESPI pode mudar essa realidade e garantir que tenhamos acesso a uma educação superior pública, gratuita e de qualidade.
Todos os anos entram estudantes na UESPI, esperando que a instituição ofereça a estrutura necessária para uma formação de qualidade, por se tratar de uma universidade pública. Mas, infelizmente, dia após dia os estudantes se deparam com uma realidade contrária àquela que esperavam. Salas de aula divididas ao meio por gesso, professores substitutos em demasia, bibliotecas precárias e com acervo insuficiente, restaurante e residências universitárias inexistentes, bolsas-trabalho/pesquisa insuficientes e que ainda atrasam o pagamento... Vários problemas fazem o estudante, muitas vezes, pensar em desistir do curso ou “aceitar” as coisas como estão e esperar apenas pelo diploma.
Mas, dessa vez, os estudantes escolheram a opção de lutar por uma UESPI de qualidade, que ofereça condições necessárias para uma boa formação e que sirva de fato para atender aos interesses da população. É com a opção de lutar em defesa da UESPI que os estudantes de Picos, Parnaíba e de Teresina realizaram, no ultimo dia 18/05, uma Assembleia Geral dos Estudantes da UESPI, onde decidiram entrar em greve em defesa de uma educação de qualidade e em apoio aos professores.
A campanha SOS UESPI já ganhou, inclusive, o apoio da população. A sociedade está consciente do descaso do governo com a universidade pública. A maior prova disso é que os estudantes, com o apoio da população, realizaram no dia 18/05 um grande Twittaço na internet colocando o tópico #SOSUESPI no 2º lugar dos assuntos mais comentados do país.
Acreditamos que um movimento como esse, para ter respostas concretas, é preciso que nós, estudantes e professores, estejamos juntos na luta. A decição de apoiar a greve dos professores veio no sentido de fortalecer o movimento grevista e a campanha SOS UESPI que pauta a nossa luta por mais verbas (autonomia financeira e administrativa), assistência estudantil digna e democracia nos espaços deliberativos da nossa Universidade.
Essa decisão desencadeou um novo processo de mobilizações e tomada de consciência. Estudantes de pedagogia e comunicação social do Campus Torquato Neto, de fisioterapia e psicologia da FACIME e de historia e geografia do Campus Clovis Moura, em reuniões de turma, decidiram apoiar a greve, por compreenderem a necessidade dessa luta. Várias outras assembléias estudantis para discutir a adesão à greve já estão programadas, como nos curso de medicina da FACIME e em algumas turmas de historia e geografia do Campus Clóvis Moura, que ainda não aderiram. É preciso fortalecer a Greve e a Campanha SOS UESPI, pois o Governo Wilson Martins tem se mostrado insensível às nossas reivindicações. Só a mobilização poderá arrancar do Governo as melhorias para UESPI que tanto queremos.
A ANEL (Assembléia Nacional de Estudantes – Livre) declara total apoio à Greve dos Professores e Estudantes da UESPI e faz um chamado para unir forças em defesa de um educação pública de qualidade. Sabemos que esses problemas não são isolados e estão dentro de um contexto nacional de sucateamento da educação pública. Portanto, convidamos todos a se somarem junto a luta de outros estudantes, de outras universidades, de diversos regiões, que neste momento também protagonizam lutas pelo país em defesa da universidade pública de qualidade.
Participe do 1º Congresso da ANEL, de 23 a 26 de Junho no Rio de Janeiro, procure o seu Centro Acadêmico ou entre em contato com anelpiaui@hotmail.com ou ligue para (86) 8884-6015 / 9986-5392.